quarta-feira, 14 de outubro de 2009

cheiro!


De repente uma folha se abre, incrível é meu diário, tinha 12 anos.

Esse cheiro de rosas secas, um cheiro doce que faz um giro de 180 na rotina.

Uma vontade de ir jogar volei na rua, chamar os amigos, na porta da casa, que telefone que nada!

Quem vai levar a bola, precisa de menino para armar a rede! Chama a Gi ela vai ser juiz.

Cuidado com o portão do Celso!

Levanta a rede para esse carro passar, pára para jogar, mas não corta forte.

Kelly tá no meu time, passa na Sandra e chama a Dani também, veja se a Simone vem e Simone Loira também.

Se der para chamar a Perua ela pediu pra gritar que ela sai, o pai dela deixou ela sair do castigo.

Foi fora!

Foi sim Sidnei eu vi, pergunta pro Gogum?

O Alan e a Gisele tava chegando, bateu nele.

A quer saber vou para de brincar, e desarmar a rede.

E agora tenho um projeto para entregar, coisa de 27 anos depois!

tempo!


Não dá para perceber.... Ainda se quisermos ver, precisaremos nos concentrar, mas é impossível ver o tempo passar. Notamos que ele passou, assim que ele passou.

No entanto, essa passagem é capaz de transformar tudo, vida, sentimentos, alegrias, tristezas, alguns sabores, cheiros e também de eternizar muitas outras... saudades, amores, cicatrizes...

Algo dentro do nosso corpo não percebe que isso acontece e teima em querer chorar quando não consegue "coisas", teima em fazer "birra" quando quer o colo de alguém. Talvez seja essa coisa que mora dentro da gente que faz a vida ser "linda", por que se não fosse, como teríamos coragem de dizer "eu te amo", sabendo que nesse mesmo instante esse amor já seria outro, um amor do passado, que acabou de ser dito.

É mesmo esse ser dentro de nós que conserva esse amor no presente, que guarda como um zelador dedicado, todos os cheiros e sabores e sensações daquele presente momento.

Aquele presente momento já foi.

Agora mesmo quando escrevo(ia), sentia estar vivendo em outro momento, vendo outras pessoas, em uma correria, na rua, um ralado no joelho, uma vontade de gritar rodando sem parar, e é incrível como eu posso tudo isso.

Posso fazer um volta ao presente que se foi e continuar sendo muito feliz, mas sabe que ao mesmo tempo, o tempo me distancia ainda mais daquele momento.

Os olhos, como eles são iguais, se olhássemos somente nos olhos das pessoas, poderíamos brincar com elas!

Os olhos, eles são a janela daquele ser, zelador dedicado, guardião de presentes.

Isso pode até ser saudade, mas acho que é uma mistura de ficção e realidade.

Uma carta escrita no papel que alguém está lendo dentro de mim, uma carta do zelador.

O tempo.

é dele que quero falar...