sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Um dia para sempre

espetáculo para criança em circulação.
elenco: Angélica Zignani, Edivaldo Vitorino e Fabiano Amigucci/ stand by Thais Bezerra
produção e técnica: Kesler Jamal Contiero


quarta-feira, 20 de julho de 2011

IMPRESSÕES SOBRE O TRABALHO DA CIA

O grupo Cia dos Pés, de São José do Rio Preto, virou a cabeça do público da 23ª SLAMC com uma proposta bastante original. O espetáculo, Casca de Nós, se propõe discutir o espaço cotidiano, urbano e sua relação com o corpo a partir do deslocamento do olhar, físico inclusive. A Cia colocou toda a platéia a seus pés, deitada (melhor maneira de ver o espetáculo) em colchonetes diante da Prefeitura Municipal. Mais que uma simples inversão na forma de assistir a um espetáculo a proposta do grupo começa por alterar a forma de ver a cidade, os prédios, o que nos cerca e a nós mesmos. Ângulo novo, estranho que, ao romper com a rotina do plano horizontal do olhar, revela detalhes arquitetônicos do espaço, antes não apreendidos, redimensiona a percepção do corpo em relação ao mundo, seja nas sensações táteis do contato com o chão ou da visão, que nos ilude a partir dos movimentos leves, em “câmera lenta” realizados pelas duas integrantes do grupo.


Cuidado, delicado, o espetáculo explora uma trilha sonora bem colocada, que se afina com os movimentos, com o texto, propositalmente fragmentado, solto em pequenos textos, frases e palavras que, como as duas atrizes/bailarinas voam ao vento ecoando dentro dos espectadores. A iluminação do espetáculo à noite revelou delicadezas insuspeitas no espetáculo da tarde (assim como eu, muitos voltaram para revê-lo), mas se surpreenderam ao ver outro. Os movimentos eram os mesmos, assim como a trilha sonora e o texto, mas o sol da tarde produziu outras sombras na parede, diversamente da luz noturna e dos refletores, muito bem explorados pelo grupo, criando belas luas cheias de bailarinas, imateriais, sonho do homem que se projeta descomunal em sua sombra e as tenta alcançar – idealização, saudades, projeção do desejo... tudo cabe nesta deliciosa inversão espacial, na qual o irreal se materializa e o real é mera sombra. Ao deslocar os olhares para a liberdade vertical, a Cia dos Pés nos faz pensar o confinamento no qual vivemos, presos nesta casca de nós/noz que é a casa, a cidade, o próprio corpo, nos convidando a romper a barreira de cimento, a nos permitir um redimensionamento para a vida, virando-a de ponta-cabeça, alterando seu eixo, buscando a leveza e a beleza. Casca de nós me fez lembrar de Asas do Desejo, de Wim Wenders, filme que amo, não só pelo óbvio: a bailarina/trapezista, os anjos, mas por causa do poema que abre o filme, Song of Childhood, de Handke.


Flávia Marquetti
23a. Semana Luiz Antônio Martinez Corrêa - Araraquara
http://semanaluizantonio.blogspot.com/2011/06/casca-de-nos-sugestao-estava-nos-pes-e.html

IMPRESSÕES SOBRE O TRABALHO DA CIA

A sugestão estava nos pés e o espetáculo na demonstração de habilidade, coragem e competência de duas bailarinas dançando verticalmente sobre a parede de um edifício. Não tenho formação para falar de dança e nem muito o que dizer sobre grandes intervenções cênicas, se assim posso classificar o espetáculo com o qual a “Cia dos Pés” de São José do Rio Preto nos brindou ontem. Tenho sim, alguma experiência que me permite abordar com mais propriedade questões sobre teatro, dramaturgia, direção cênica, sonoplastia, atuações...
Teatro, essa expressão que é o resultado da combinação articulada de tantos elementos e que se realiza apenas para o olhar, encontra-se agora, cada vez mais, repleto de exemplos de teatralidade que não se caracterizando de forma plena como teatro, no sentido preciso ou conservador do termo, movimentam festivais interferindo nos espaços urbanos e na vida das cidades. Tenho alguma dificuldade para comentar “oficialmente” essas manifestações, pois em geral não consigo ir muito além do meu gosto e admiração pessoais.
O simples fato de alguém escalar uma parede, seja como for, já me parece um ato radical e impensável. Mesmo assim, vou me arriscar a tecer alguns comentários sobre o espetáculo da “Cia dos Pés” e mais diretamente sobre as atuações de Angélica Zignani (que também assina a direção do espetáculo), de Mariana Gonçalves com a colaboração indispensável de Kesler Jamal Contiero (que figura como diretor administrativo). Juntos, eles deram vida a uma celebração que transformou a lateral do prédio da prefeitura numa imensa passarela cênica onde duas bailarinas se movimentaram num plano absolutamente subversivo para nós que estamos acostumados a sentar comodamente nas poltronas das salas de teatro e olhar quase sempre para frente.
A solução foi facilitar para que muitos pudessem apreciar a evolução das duas atrizes de forma confortável, de frente num certo sentido, porque deitados. E aquilo, por si só, se transformou em um acontecimento estranho para o lugar e para o olhar. Aquele cenário de pessoas deitadas olhando para a parede de um prédio pareceu-me estranhamente mais confortável que uma poltrona numa sala de espetáculos. Apreciar o espetáculo sentado numa cadeira na calçada ou na rua foi a solução para quem não pode deitar (lamento não ter experimentando essa perspectiva). Entre sentar e ficar em pé, busquei experimentar as duas opções (a segunda me pareceu mais confortável). De qualquer modo, ontem pude ver e acompanhar com apreensão como muitos, e com encantamento como a maioria, as arriscadas exibições de habilidade, talento e temeridade de Angélica e Mariana. Confesso que ouvi mal os textos, tanto pela qualidade e altura do som quanto pela apreensão com que seguia os movimentos das duas bailarinas e a habilidosa e precisa atuação de Kesler (que do meu ponto de vista deveria figurar como fazendo parte do elenco).
Quero dizer que tudo isso me fez pensar, já que eu deveria escrever sobre o que estava vendo, o que de mais significativo, para mim, estava acontecendo. A exibição conjunta daquelas duas bailarinas/atrizes era a expressão viva de uma interferência naquele espaço da cidade. Por aqueles breves minutos as duas subvertiam e colocavam a cidade praticamente de ponta cabeça. Ali, na parede daquele prédio público elas, não sei se sabiam e se deram conta disso, devolviam àquele espaço, por alguns minutos, seu sentido original: lugar de teatro.
Subvertendo o uso e a ocupação daquele prédio elas remexeram na história da cidade – e na minha memória - devolvendo àquele espaço o teatro que ali existiu de 1914 a 1969 quando foi brutal e covardemente destruído. Pensei muito nisso enquanto olhava o prédio do Paço Municipal, ainda sem entender o que levou aquele prefeito a fazer o que fez (a história de que o prédio estava condenado nunca colou, ou bailes de carnaval jamais poderiam ter acontecido naquele lugar). Olhei para os lados procurando adivinhar se alguém mais estaria pensando o que eu pensava, como se isso fosse possível, quando ouvi o seguinte comentário: “essas moças são mais corajosas que muitos homens” (como se a coragem fosse um atributo essencialmente masculino!).
Só não entendi porque o som ficou confinado na entrada do Paço Municipal quando poderia estar em algum patamar superior saindo pelas janelas do prédio. Sendo isso possível (creio que é) o resultado teria sido certamente bem melhor, mais grandioso e mais adequado às imagens e movimentos executados pelas duas artistas que chegaram imóveis como dois manequins para depois alçarem seus vôos numa movimentação que me fez lembrar do Bob Wilson que vi no Municipal de São Paulo nos anos 70, especialmente pelo vermelho da flor em contraste com o branco do figurino. Uma lembrança que me faz agregar mais um comentário elogioso ao espetáculo: o cuidado com os figurinos (dos três atores) e com os adereços de cena.

Eduardo Montagnari
23a. Semana Luiz Antônio Martinez Corrêa - Araraquara
foto: Danielle Aquino
http://semanaluizantonio.blogspot.com/2011/06/casca-de-nos-sugestao-estava-nos-pes-e.html

sexta-feira, 1 de julho de 2011

CIRCULAÇÃO CASCA DE NÓS

Julho 2011

- 10 e 11 - Recife - Mostra Brasileira de Dança

- 15 - São José do Rio Preto - FIT Rio Preto

- 23 e 24 - São Paulo - Dança Aérea - Desafios da Leveza

- 29 - Campina Grande/Paraíba - Festival de Inverno

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

2010

2010 foi o ano do trabalho.
Quanto trabalho, quantas noites na adrenalina, quantos desafios, quantas incertezas.
Sim 2010 foi um ano de novas dores musculares, de novos procedimentos, de aprendizados instântaneos-solavancos.
Foi tudo isso de "hard", mas 2010, foi um ano mais importante da minha vida.
Foi por que em 2010 eu tinha 30 anos, ( já digo tinha, pois semana que vem será passado) me dediquei exclusivamente ao que amo e que sempre sonhei em me dedicar, que é o palco, (seja ele em qualquer lugar). E mais, estive ao lado de pessoas que amo e que aprendi a amar ainda mais.
Escrevi, desenhei, dancei, coreografei!!!!
2010 foi casca, mais fluiu tão deliciosamente que só tenho a desejar que em 2011 "...", 2010 continue cheio de surpresas como sempre foi.
Obrigada "energia" por ter concebido esse ano tão exato como o 2010! Vou terminando este ano com um pouco mais de sabedoria e um tanto mais de ousadia!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

casca de nós - cia dos pes - 2010

Primeira montagem do ano de 2010

Casca de nós, projeto selecionado pelo Prêmio Funarte Artes Cênicas na rua 2009.
elenco: Angélica Zignani e Mariana Gonçalves
técnicas verticais: Kesler Jamal Contiero
técnicos: Naégili de Oliveira Zignani e Fuad Jammal Neto
maquiagem: Fabiano Amigucci
Iluminação: Luis Fernando Lopes
música original: Jeff Santanielo

fluxo - cia dos pés - 2010

espetáculo FLUXO.
Dança sobre a água.
Mudança na perspectiva visual da cidade.
Elenco: Mariana Gonçalves, Edivaldo Vitorino e Riva Martins
Direção: Angélica Zignani
Concepção original: Kesler Jamal Contiero
Técnicos: Naégili de Oliveira Zignani e Fuad Jammal Neto